Espalhafatosa e de olhos exageradamente delineados, entra a perua do hall da pequena capela de São Leonardo, disparando palavras ao padre.
-Você é o dono dessa espelunca aqui?
-Hein?
-Me desculpe a honestidade, é que não sou de mentir. Sabia que é pecado?
-...!
-Enfim. Eu vim aqui resolver de forma adulta o drama que tenho vivido.- olha para o altar atrás do de Jesus- Nossa! Olha aquela estátua, do bofe morto. De frente pra porta é mau feng-shui...
-Senhora! mais respeito na casa de Deus!
-É ele então o culpado.
-Quê?
-Ele!
-Quem?
-Deus!
-Hã?
-Sim.
Como um sinal de trânsito, o rosto do padre foi aquecendo enquanto ela continuava.
-Seis da noite e me aparece esse tal Deus fazendo a maior algazarra. Não sei como funcionam as coisas aqui nesse fim de mundo mas em Parrí não existia isto, não. Vai contra o meu sono da tarde. Além do mais, meu marido é dono de metade (disso) daqui, acho que como primeira dama desta cidade, tenho direito a um mínimo de respeito.
-Mas dona, não se pode mudar o horário da nossa oração. isto seria como rê-escrever a Gênese! não seja ridícula.
-Seu padre... a situação é a seguinte: eu tenho o poder que controla o instinto do coronel, que é quem abafa os seus segredos. Acho que Deus não gostaria nadinha de saber da sua cara-de-pau padre. Ele pode até te demitir, eu acho.
-sete horas está bom?
-7:30 e não se fala mais nisso.
-Okay. Gostaria de uma taça de vinho, madame?
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