quinta-feira, 17 de março de 2016

Caindo

É bizarro como ver o seu amigo cair pode ser tanto hilário, quanto trágico. Um deslize, uma pedrinha e o bípede vira quadrupede em milésimos. O bizarro é que até o momento da queda nós não expressamos reação alguma ao olhar isso, no máximo um estranhamento. Não tem como sorrir quando os olhos dele encontram com os nossos em um ato desesperado de ajuda. Bem verdade pode ser até o seu pior inimigo. Algo vai ligeiramente tocar o seu subconsciente. Temos esse instinto de ajuda, pois observamos no outro um reflexo de nós mesmos. Isso tudo é dividido em três etapas.
Primeiramente tem a fase do tropeço em que algo ali saiu errado. Quem está caindo tem plena noção do que está acontecendo, ou pelo menos forma uma ideia do que está fazendo. Ou seja, "meus braços estão livres", "minhas pernas não", "vou cair". Se não houver nada e a amebização é eminente, partimos para a próxima etapa.
A segunda parte vem antes de estar feito esta pasta no chão. Colocando-nos no lugar da pessoa, a nossa cara está a uns 30 centímetros do chão, e isso não é legal. Não se pode evitar de cair no chão, mas você pode cobrir o rosto, entretanto creio que não vai ajudar muito. Você também pode girar o corpo, assim se evita que os órgãos vitais se estrebuchem no chão. Caindo no chão vem a ultima etapa.
Toda essa preocupação pode ser extremamente ridícula e não aconteça nada com este corpo caído. Mas isso não depende mais do corpo, pois este corpo vai cair no chão, e este chão pode ser fofinho, como pode ser feito de formigas que esperam por um pedacinho de carne. E isso não é legal. Esta incerteza, quase certa que você vai ser machucar movimenta em mim, e deveria movimentar em todos uma vontade de ajudar a levantar e não à cair, pois ninguém aqui escolheu cair.
A diferença entre isso e a nossa situação politica atual é que muitos não sabem que estão caindo.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

5x1 / Somos Todos Super Heróis


   Estava eu, lindo e maravilhoso,  no meu quarto fazendo minhas coisas, enquanto ruídos vindos de fora indicavam que algo acontecia. Distraído eu não compilava as palavras, que chegavam a mim sem compromisso. Foi então que ouvi um comentário inesperado passando pelas minhas orelhas, atravessando as minhas entranhas auriculares, chegando ao meu tímpano e sendo interpretada pelo meu cérebro, que dizia "... pondo pelo em ovo, coisa de feminista".
   Foi então que juntei o ar que restou depois desse soco e soltei o meu urro, "O QUE?!?!". Voei pelas paredes do meu quarto, pulei as escadas, aterrissei na cozinha onde uma mesa redonda se estabelecera. Rasguei a camisa e falei com convicção: "Não esperava isso de vocês, cidadãos de bem!". Ela, que estava em desvantagem, gritou: "CHEGOU O MEU HERÓI!" e apontou pra mim. No caso eu tinha chego, então eu era o herói.
   Tentando se explicar o Cidadão1 se arrependia no momento em que saíam as palavras de sua boca: "É que as mulheres feministas não são muito femininas". O Cidadão2 completa: "As mulheres que chegam no poder são machonas, olha pra Dilma e Margaret Thatcher". O Cidadão3 babava balançando a cabeça positivamente: "mhmm...".
   Exagerando na gesticulação, para parecer incisivo, parti para o contra-ataque: "Comentário machista de sua parte, Senhores. Tu sabias que a Fulaninha Nomefictício Esteriótipo Machistademulher é feminista? Querer igualdade  não é querer cortar o pinto de todos os homens, no estilo vocês tem e eu não". Foi então que o Cidadão3 falou de um jeito burro "É que eu fui em um congresso feminista, e todas as mulheres não eram femininas". Depois disso foi difícil entender o que os outros falaram. Por culpa da surdez , um zunido agora ecoava no meu ouvido.
   Rápida e se sentindo mais confiante com um placar de maior igualdade Ela pergunta: "E o que é ser feminina pra vocês? Ser frágil, submissa e conformista?". Eu concordava sem ouvir suas palavras, pois a surdez fora muito grave. A essa hora entreguei a defesa nas mãos dela, à vista da situação.
   Conforme a batalha engolia os minutos,  os Cidadãos 1, 2 e 3 ficavam sem argumentos e mais envergonhados do que falavam. Entretanto percebia-se uma certa bipolaridade dentro deles. Os olhos pareciam não obedecer as pálpebras.
   Foi então que se revelou o motivo para tanto machismo, O Monstro do Senso-comum E Da Ignorância (esse é o nome completo dele, mas pode chamar de Sr.Problema). Ele se materializou no meio da cozinha. Saído da boca dos três cidadãos ele aparentava ser indestrutível (efeitos sonoros de gritos). As luzes da cozinha estouraram e até o sol que vinha da janela parecia ter sido ofuscado. Os cidadãos livres do tal monstro agora empunhavam espadas douradas e aventais de prata super legais.
   O Sr.Problema rugiu e desferiu um golpe sobre mim, que com um simples movimento de mão, com o dedo médio em riste, cortei seus braços e pernas. Olhei para os olhos do monstro e disse, "Entre Ela e eu a única diferença é o meu..." logo em seguida do sinal, juntos destruímos o grande espectro demoníaco.

segunda-feira, 23 de março de 2015

A Morte


* de repente, pensando, refletindo sobre quantas vezes já entraste ou apenas olhaste uma conversa sobre religião e como vai ser depois de bater as botas.
    Ignorando tua crendice ou seja lá o que tu chamas de dúvida de como será o depois, o além mar, o momento da verdade, a fase de transição, o fim, blábláblá, cheguei a uma conclusão. Na verdade cheguei em varias mil conclusões, mas uma delas me chamou a atenção.
    Por que você quer saber? você quer saber? se você tem medo da morte, sem razão, para que ter uma resposta, já que não sabes de nada? a única certeza é que vai ser uma surpresa bem radical, e que não importa o quanto pense, grite, divulgue, berre e bata o pé, um dia (ou vários, sei lá), tu vais descobrir e entender que não tem absolutamente nada a ver com o que tu pensavas e então se dará conta de o quão ridículo é pensar nisso, como agora mesmo, *

terça-feira, 10 de março de 2015

Ninguém segura este país



    Me impressiono com o Monstro do PT. 12 (4+4+4) infinitos anos ganhando poder e se corrompendo mais que o seu próprio ideal defasado de intelecto. Engole montanhas de dinheiro, suga rios de ouro todos os dias desde que chegou no poder, e agora? o que resta para os outros partidos? apenas migalhas. O povo brasileiro se encontra em estado de calamidade não vê outra saída se não ter mais um filho e entrar no bolsa família. Ainda por cima Dilminha Furacão aumenta a conta de luz para nos cegar de toda a roubalheira. Ouvi dizer que eles tem até uma máquina de procurar corruptos para seus partidos importada com dinheiro público (é amigo, não está nada fácil encontrar bons corruptos hoje em dia, tem que puxar lá de fora), no fim não sobra nada para os outros partidos, coitados.
    Por essas e outras convoco, para no dia 13 de março, todos a irem para as ruas! Levem cartazes! Bandeiras! Megafones! Microfones! Iphones! Ipods! Ipads! Vamos gente! Vamos! Vamos juntos vamos, pra frente BraZil, Brazil, salve a seleção.
    Temos que expulsar estes petralhas do Brazil, faze-los deixar esse país que tanto amamos. Como um tumor benigno os bons políticos esperam a nosso golpe, digo, a nossa revolução. Tirar a maldição do 13, porque apesar do álbum do Black Sabbath ser muito bom este número ficou manchado com a bruxa do 13.
    Do Oiapoque ao Xui temos base, intelectuais como Xico Graziano, Ciro Gomes, Rubens Ricupero, Roberto Civita, Roberto I. Marinho, Super Homem, Super Mário, Leonidas, Luís Inácio Lula da Silva, Obama, Osama, Michel Temer, Lobão e o mais temido e inteligente de todos...Felipe Neto.
    Dilma não foi torturada, nem houve tortura no Brazil. Nunca estivemos em condição pior, nem imprensa tão competente quando hoje. Nem em um clima minimamente parecido. Afinal eles nunca jogam com o nosso sangue quente por mudança antes, não é mesmo?
    "Tá Rafael! já entendemos o recado!" Eu digo, Veja bem não gosto de ser otimista, entretanto na nossa Época nada desses discursos prestou pra evoluirmos. Parece que estes sermões nos trancam em um sofá que gira feito bola, feito Globo, sem sair do lugar, vezes nos faz até retroceder, Istoé se algum dia fomos para frente.
    Aumente seu campo de visão. Diminua o volume da TV. Não santifique quem já teve muito a melhorar e nada fez. Não quero redimir outros com o meu discurso, muito pelo contrário, quero te mostrar que o patamar é muito mais nivelado que tu pensas. E te dizer que mesmo indo pra rua a mudança não está lá. Na rua nem se fala português, ninguém se entende na rua. A não ser os animais, estes sabem bem o que fazem.
   

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Rotina


- Daí, Leo!
   - Pedrito, a quanto tempo!
   O dito Leo fez uma cara de interrogação por um momento e logo sorrio  de novo.
   - Sempre contente, que ótimo.
   - Nem sabes, rapas . Estou me divorciando e ela está me arrancando o couro que tenho.
   - A Olívia ainda?! Essa mulher é maluca.
   - E quem não é um pouco louco por aqui, não é mesmo?
   Ambos riem compulsivamente lembrando dos velhos tempos. Leo continuou - Quem nunca traiu que atire a primeira pedra. Eu mesmo quando era jovem prometia mundos e fundos a todas que me apareciam. Teve uma que queria se casar comigo (risos).
   - Esta sim estava louca de amores.
   - Mal sabia ela o tamanho do rolo o qual se metera.
   - Para ter exclusividade tem que ser...
   - RICA! - riram compulsivamente mais uma vez.
   - Você tem cigarro aí? - pergunta Pedrito.
   Sorrateiramente, olhando para os lados, Leo tira de dentro do macacão uma carteira e o entrega um.
   - Não deixe saberem que é meu.
   - Relaxa. Fogo?
   Jonas berra desafinado - FOGO! - e Pedrito finge que fuma encolido.
   - Festas?
   - Várias. Todas as noites no bloco C. Não sou louco de ficar sem minhas festas. E tu?
   - Direto também.No bloco E. Fico muito doido, tu nem me reconheceria. Só na bala.
   - Tais viciado nisso.
   - Nem, só uso quando eu quero.
   - E os remédios, tem tomado?
   - Não. Faço que engulo e depois cuspo tudo. E tu?
   - E tu.
   Riram muito alto desta vez.
   - Somos normais, né?
   - Sim, pelo menos é o que dizem na tv.
   Riram estupidamente mais alto.
   - Vou dormir, boa noite.
   - Boa noite.
   Os fiscais reviraram os olhos, levantaram os dois loucos, encaminhando-os para seus devidos quartos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"Amizade é amizade, óleos à parte"

   Era um copo com água, gelo e óleo, onde se observavam três fases.
   Tanto a água quanto o óleo sabiam que um dia essa água já foi gelo, mas por uma questão de agitação interna, conflitos existenciais talvez, se encontrava derretida com os arrependimentos "à flor da pele".
   Era um trato entre eles. Ambos se conheciam muito bem, desfrutavam da mesma cozinha e por mais que brigassem sempre entendiam o outro lado. Porém a situação era outra, a entrada do terceiro ingrediente exigia que todos fossem gelo: rígidos e unidos. Não foi o que aconteceu, ao sentir o peso do óleo sobre a cabeça o gelo trincou. Trincou, rachou e dividiu em dois.
   Toda via, como era de se esperar, com a chegada do açúcar tudo mudou. Aparte que se separou começou a derreter gritando pelo açúcar que não tinha direito. Observando a situação, o gelo só viu uma solução: trocar o óleo por limão, a água por vodka e deixar o açúcar adocicar.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Romance Moderno

   Muito me apaixonei perdidamente em minha vida, e tanto anos quanto minutos todas foram arrasadoras. Certa vez dormi com uma loira quente. Ela em uma janela e eu na outra. Pelo menos eu estava por trás.
   Você pode até não gostar de pegar ônibus, mas convenhamos que esta obrigação de todo dia é um ninho erótico e romântico. Pode até virar um programa diferente para sair da monotonia do cinema. Cadeiras confortáveis no estilo "love-sit" com vista panorâmica das calçadas. passando lentamente no estilo parnasiano misturando os animais e a vegetação bem espessa da ervas daninhas, que sobem a superfície por entre as rachaduras da calçada suplicando um lugar ao sol. O trepidar do motor na marcha lenta somado ao cenário apocalíptico transforma o descanso banal do final do dia em horas de gozo num spa coletivo.
   hoje, eu estava em pé e (acredite se quiser) uma moça se ofereceu para carregar minha mochila. Eu, encantado com tal gesto de maestria, entreguei-lhe cuidadosamente antes que mudasse de ideia. Foi quando a superfície doce de seus dedos entrou em leve contato com os meus. Ela  ríspida arregalou os olhos e me fitou. Eram verdes e invertidos, o da esquerda olhava meu olho direito e o direito o meu olho esquerdo. O tempo parou, o funk do fundo do ônibus ficou surdo. Conversamos e a levei para casa. Porém, como qualquer "felizes para sempre" dos dias atuais, durou apenas uma noite.Na manhã seguinte ao ver que eu não havia feito café desse-me que eu não fazia o "tipo" dela e que tinha mudado.
   -Não é você sou eu! Adeus.
   Mas tudo bem, o meu salário não vai aumentar, vou pegar ônibus amanhã de novo. Vai que dou sorte dessa vez?